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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Cobertura/recheio de chocolate branco e o Bolo da Maria - e uma dissertação sobre um dia negro para a cozinha


Gostava de conseguir dizer que os meus cozinhados saem sempre bem. Gostava mesmo. Pelo menos ao falar de receitas simples, que já repeti mil vezes e que têm tudo para correr bem.

Mas a verdade é que há dias em que TUDO corre mal. E que parece que a melhor solução é voltarmos para a cama que amanhã é um novo dia.

Como vêm, esta história vai ter um final feliz!
Mas eu não sou pessoa de desistir facilmente. Interiorizei bastante bem a teoria da minha avó: "Quando tudo corre mal, tens de te rir! Assim o Diabo fica baralhado e deixa de te chatear". E foi isso que fiz quando dediquei parte da minha terça-feira livre ao bolo de aniversário da minha amiga Maria. 

Tinha tudo para correr bem: a receita seria do pão-de-ló que já mostrei aqui (e que já testei montes de vezes e correu sempre bem), iria recheá-lo com duas camadas do meu doce de morango, e cobri-lo com uma cobertura de chocolate que já tinha feito no bolo de aniversário de um amigo (mas que não publiquei porque foi numa altura em que não tinha máquina). Para decoração, uns chocolates seria suficiente. 

Planeava uma tarde relaxante... Diabo (se existes!): és tão engraçado.


Aqui vai a descrição da montagem do bolo, acompanhado pela descrição do meu dia:

14h - mais coisa menos coisa
A seguir ao almoço, lá fui eu toda contente fazer o bolo da Maria. Fui ver a receita aqui no blogue e comecei a pensar: "isto é imenso bolo... o melhor mesmo é fazer só 1/3 da receita". Fui buscar a forma. E agora, onde anda a forma? Tinha mesmo ideia que a tinha trazido da terra. Procurei, procurei e nada. O bolo tinha de ser redondo, era essencial para a minha ideia de decoração. Felizmente, tinha outra forma parecida - mas não reparei que o diâmetro desta era muito superior ao da outra. Fiz 1/3 da receita como tinha planeado, e foi só ao deitar a massa na forma que reparei que ficava tipo panqueca. "Não faz mal, agora o bolo cresce!". Ignorei o facto de estar farta de saber que este bolo não cresce.
E não cresceu. Mas ficou bonito, saiu impecavelmente da forma e cheirava divinalmente. Decidi não dar importância ao assunto: seria um bolo baixinho, mas se os homens não se medem aos palmos, os bolos também não. Eu também sou baixinha: ia ter um bolo a condizer comigo (nota: ainda o bolo estava no forno e a forma desaparecida já tinha reaparecido misteriosamente). 

18h
O bolo tipo panqueca já tinha tinha arrefecido. Estava na altura de dividir o bolo. Podia fazer só uma camada, mas eu queria duas e ia tê-las: e foi a parte que correu bem (!). Para dividir o bolo, sigo sempre o mesmo método e dou-me sempre bem. Tenho pena de não ter tirado foto aos processo, mas hei-de fazê-lo. Começo por marcar com uma faca em redor do bolo as camadas que quero fazer. Com linha de alinhavar, passo a linha pela marcação, e torço - é a fita que corta o bolo. Para tirar a camada sem se partir, ponho uma tampa ou um tabuleiro por cima e com a faca faço a transição. Recheei com doce de morango.

As três parte do bolo: uma na transportadora, outra no tabuleiro que uso para "fritar" as batatas de forno e a outra numa tampa de uma panela


Agora era a vez da cobertura. Da outra vez, bastou-me bater as natas em chantilly firme, derreter o chocolate em banho maria, juntar tudo, mexer com uma vara de arames, deixar arrefecer e fiquei com um creme consistente para decorações com o saco de pasteleiro. Mas da outra vez era chocolate preto, e não chocolate branco.

Começou a correr mal logo ao bater as natas em chantilly: não havia meio de ficarem firmes. Usei 3 saquetas de um preparado que uma prima traz da Alemanha, que ajuda nestas coisas, e nada. Bati e bati até me ficarem a doer os braços (esquerdo e direito: que jeito me dá às vezes ser ambidestra!). "Pode ser que com o chocolate fique mais firme!". Mas essa era outra coisa que estava a correr mal: o chocolate não derretia. Não se comportava nada como o chocolate preto: ficou apenas uma papa estranha. Juntei um pouco das natas que ainda não tinham virado chantilly e aquilo lá derreteu como deve ser. Juntei tudo e tinha uma espécie de natas com sabor a chocolate. Da consistência das natas. Não conseguia trabalhar com aquilo. Decidi meter aquilo no frigorífico e ir jantar. Podia ser que o frio torna-se o creme mais consistente!

21h45
Não tornou. Subiu-me as fúrias e continuei a bater. Ia bater as natas a noite inteira se fosse preciso, mas aquilo ia virar chantilly! Passado um bocado, comecei a ver os resultados do meu esforço: as natas transformaram-se em manteiga. 

Foi aqui que me comecei a rir. Ia ficar o bolo mais horrível de todos os tempos. Ia-se tornar uma piada com o passar dos anos: "Lembram-se daquele bolo que fiz para os anos da Maria, em que as natas viraram manteiga?". Já me imaginava a ir buscar um bolo a Pingo Doce, mas entretanto lembrei-me de meter aquilo tudo no fogão, com uma colher de farinha maizena dissolvida num pouco de leite. E ficou assim:

Tarãn!
E foi assim que nasceu uma deliciosa cobertura de chocolate branco, das coberturas mais deliciosas que já fiz! Enfim, foi um desastre feliz. Decorei com malterers e biscoitos cobertos (tudo da marca do continente). Como o bolo estava muito baixinho, tive de acertar os biscoitos.

Juro que o Continente não patrocinou este post!


Toda a gente gostou, e foi um bolo bastante elogiado (apesar de, na minha opinião, ter ficado enjoativo) mas mesmo que o bolo tivesse ficado uma porcaria e acabássemos a comer pasteis de nata do Pingo Doce teria sido divertido na mesma. Quando estamos com pessoas que gostamos pormenores como o que comemos, o que fazemos, essas coisas, passam a ser acessórios. 

Portanto cá vai a receita da cobertura como deve ser, para não passarem pelo que eu passei!


Ingredientes
200 gr de chocolate branco para culinária
2 pacotes de natas
1 c. sopa de farinha maizena, dissolvida num pouco de leite.

Modo de Fazer: Juntar tudo num tachinho. Levar a lume brando mexendo sempre com uma vara de arames. Quando ficar com a consistência de um creme cremoso, apagar o lume e cobrir/rechear o bolo (é importante que o bolo a rechear esteja completamente frio).


Bom Apetite!

Segue-se agora a descrição da decoração do bolo, que é facílima:

Cobrir o bolo. Estão a ver a cobertura a pingar? Limpem isso tudo.

Dispor os rolinhos de chocolate, alternando os de chocolate branco com os de chocolate preto

Dispor os maltesers no centro do bolo

Tarãn!

Decorei ainda com umas estrelas coloridas com as letras do nome "Maria", que depois de impressas e recortadas colei nuns paus de espetadas

O bolo, agora com as velas coloridas!
Para o ano há mais Maria!

3 comentários:

  1. Oh! Ficou tão lindo! Isto é que é criatividade, arranjar uma solução para os problemas inesperados que se nos apresentam! O chocolate branco tem dessas coisas, porque de facto não é chocolate... Não desfazendo, porque eu adorava chocolate branco (agora não como porque não há chocolate branco sem lactose), mas a verdade é que não tem a mesma consistência que o chocolate preto ou de leite, porque é apenas manteiga de cacau. Mas felizmente, arranjaste uma forma espetacular de resolver o problema!!!

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  2. Há dias em que realmente nada corre bem! Já me aconteceu algumas vezes e sempre com receitas em que estava muito confiante e à vontade (até aquele dia)!

    Acabou por ficar um bolo encantador e tenho a certeza que teve (ainda) muito mais valor! :)
    Gostei da escolha de sabores... que guloso!!

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  3. A resiliência é uma coisa fantástica e foste brilhante!
    Acabou por ficar muito giro e de certeza que a tua amiga adorou o bolo personalizado.
    Continua assim que depois começa tudo a correr melhorzinho ;)
    Beijinho*

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