domingo, 29 de abril de 2012

Queques de laranja e framboesa


Eu sei que não devia, mas passar o domingo sem comer qualquer coisa docinha parece-me tortura chinesa. Não faz bem à minha silhueta, mas já basta o sacrifício que faço durante a semana para também ter de passar o domingo sem um bolinho, não acham? O bolinho de domingo faz bem à minha sanidade mental. É auspicioso a uma boa semana. Domingo sem bolinho é um domingo triste, ainda para mais se chuvoso e frio como o domingo de hoje.
Para bolos e coisas docinhas, adoro o blogue da Sandra, aquilo é mesmo um blogue encantado para quem como eu gosta de adoçar a boca! Apetece-me fazer tudo o que ela lá tem, e estes queques já estavam em lista de espera há algum tempo. Não me desiludiram nadinha, mas para a próxima vou fazer metade deles com um quadradinho de chocolate lá no meio, como ela fez. Como umas madalenas que comi ao pequeno almoço durante toda a semana que passei de férias na Madeira, quando tinha oito anos. Mas vamos então à receita:

Ingredientes (com as minhas pequenas alterações da praxe):
3/4 chávena de buttermilk (leite+1 colher sopa de vinagre em repouso pelo menos 10 min)
1/4 cháv. sumo de laranja
raspas de 1 laranja
2 ovos
3 c. sopa de mel
100 gr manteiga com sal (derretida e fria)
2 chav. farinha de trigo
2 e 1/2 c. chá de fermento em pó
Framboesas (usei congeladas)

Modo de fazer: Pré aquecer o forno. Misturar o buttermilk com o sumo de laranja e reservar. Esfregar o açúcar com as raspas de laranja até que fique húmido e com um cheiro a laranja por toda a cozinha. Reserve. Misturar a farinha e o fermento numa tigela. Noutro recipiente, bater ligeiramente os ovos, juntar no mel e a manteiga derretida e misturar bem. Juntar a farinha intervalada com a mistura do buttermilk. A massa tem de ficar homogénea mas não mexer demais. Encher forminhas de queques até 2/3 da sua capacidade. Pôr as framboesas por cima de cada um (foram descendo durante a cozedura, e até desceram demais...). Os meus levaram uns 30 min no forno, mas não há nada como o bom e velhinho teste do palito. E voilá! Deliciosos, perfumados e reconfortantes.
Rendeu-me para 18 queques pequenos. 


Por dentro... mnham!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pão de Ló com recheio de doce de leite

Semana santa deveria ser altura de sacrifícios e privações, mas a nossa semana santa é sempre passada na terra: uma semana inteirinha de almoços e jantares em família (agora vou comer à tua casa, agora vens tu comer à minha e andamos assim...), em que toda a gente capricha no menu. Este bolo foi feito para um desses almoços pré-páscoa, feito só com coisas boas e que se comeu sem o mínimo sacrifício...

A receita tirei daqui (passem por lá, todas as receitas têm um aspecto delicioso, apetece-me sempre experimentar todas!). Tive de eliminar a massa folhada porque não havia à venda no supermercado a massa folhada já feita, e se há coisa que não estou disposta a fazer na cozinha é massa folhada (andei a pesquisar e todas as receitas me parecem terrivelmente difíceis. Estou aberta a sugestões de massa folhada caseira fácil e rápida de fazer! Existe tal coisa?). Ficou um bolo muito fofinho, como um pão de ló deve ser (o facto de ter um forno eléctrico na terra, com temperaturas, cronómetro e ventoinha a distribuir uniformemente o calor ajudou ao sucesso).
Mas vamos à receitinha:

Ingredientes:
Bolo
4 ovos
1 chávena de açúcar
2 chávenas de farinha
1 chávena de leite
1 c. sobremesa fermento em pó

Recheio
1 lata leite condensado cozido (doce de leite)

Cobertura:
Açúcar em pó
Canela

Modo de fazer: Bater as claras em castelo. Acrescentar as gemas uma a uma, o açúcar e a farinha intercalada com o leite, batendo sempre com a batedeira. Acrescentar o fermento por último e mexer com uma colher de pau. Despejar numa forma untada com margarina e farinha e levar a forno pré-aquecido. Ir fazendo o teste do palito - quando estiver cozido esperar que arrefeça para desenformar e recehear.

Para o recheio, mexi com uma colher o leite condensado cozido e espalhei pela metade do bolo. Cobri com a outra metade do bolo e polvilhei com açúcar em pó. Recortei uma flor numa folha de papel, coloquei com jeitinho em cima do açúcar, sem calcer, e polvilhei com canela em pó. Tirei a folha com jeitinho e voilá!




Mnham! Vai uma fatia?
 A primeira foto ficou muito escura, porque foi inteligentemente tirada na garagem... 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Venda de Compotas - Páscoa!

Olá a todos! Aos poucos vou publicando as receitas da Páscoa. Mas antes das receitas, tenho de falar da nossa maravilhosa venda de doces na feira de produtos regionais na terra do meu pai, que contribuiu, e muito, para me alegrar o domingo de Páscoa!

Como já escrevi aqui no blogue, todos os anos fazemos uma quantidades descomunal de doces, Aqui por Lisboa ninguém parece muito interessado em compotas, de maneira que ainda tínhamos muitos. No dia de Páscoa na terra do meu pai costumam fazer uma feira de produtos regionais, e decidimos aproveitar a oportunidade! Apostámos no barato e na boa disposição, de modo que é uma experiência, decididamente a repetir, não tanto pelo dinheiro mas também (e principalmente!) pelo convívio.

Aqui vai a minha modesta reportagem fotográfica:

Eu e a minha sissi (vulgo mana) a posar como se fossemos as divas das compotas 


Perspectiva da direita

Perspectiva da esquerda...


Compotas a um euro!


As tostinhas barradas generosamente com doce para ninguém se queixar que comprou enganado!



Tínhamos imensa variedade: amora, gila, gila com canela, ameixa, pêra... foi só escolher!



Volto a relembrar que quem quiser encomendar pode deixar mensagem aqui ou enviar um e-mail para maosdemanteiga11@gmail.com. Os preços variam conforme o frasco (5 euros o kg, arredondando para baixo). Variedades ainda disponíveis: pera em calda, doce de pêra, doce de gila e doce de ameixa.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Desencantamento - Profiteroles com gelado de limão



Olá a todos! Para (não) variar, lá volto eu a participar na Blogagem Colectiva - Amor aos Pedaços. Esta publicação custou-me um bocado a fazer, não por ter sido difícil arranjar inspiração, mas porque costumo ser bastante reticente em partilhar coisas minhas e expor a minha intimidade, ainda que seja só um bocadinho e em regime de meio anonimato! Ainda para mais odeio remexer em tristezas e melancolias. Mas às vezes temos de nos superar (a nós e a aos nossos pequenos fantasmas) com pequenas coisas, e esta publicação é uma boa oportunidade... 
O desencantamento já existiu em mim sob várias formas: aquele desencantamento quando olhamos para a pessoa que está ao nosso lado e percebemos que já não sentimos nada por ela; aquele desencantamento quando a outra pessoa nos diz que tudo acabou e  ficámos sós, a chorar baba e ranho pelas injustiças do mundo e aquele desencantamento, que dói mais que todos os outros, que é quando nada chega a começar por diversas razões (distâncias, diferenças, incompatibilidades várias…) e ficamos desencantadas antes mesmo de sentir encantamento. Este dói mais fundo, durante mais tempo (talvez por não o partilharmos com ninguém) e mesmo quando achamos que está tudo bem, a nossa actividade onírica prega-nos uma partida e voltamos a senti-lo outra vez. Vou partilhar convosco um texto que escrevi há uns dias (mas com modificações), que ilustra este desencantamento que, mais do que tristeza, gera raiva e uma frustração que demora a ter fim. 

            Enlaçaste os teus dedos nos meus e eu, apesar de confusa e de lá no fundo achar que aquilo não podia ser real, acreditei e deixei-me ir.
            Estava a ser um dia maravilhoso, apesar das nuvens e da chuva, e do ar melancólico que as árvores de um jardim que não conheço tomavam. Olhavas para mim exactamente da mesma maneira como eu olhava para ti, e conversávamos como sempre conversámos, de tudo e de nada, e rimos como sempre de tudo e de nada, mas desta vez era diferente.
            Já há muito tempo que não devia sentir tão feliz, porque já não me lembrava de sentir aquela alegria que quase doía. E, apesar do frio, no meu peito havia calor, aquele calor morno e suave dos sonhos bons.
            Devo ter acordado com algum barulho, porque demorei alguns segundos para perceber que estava de olhos abertos e que ainda era noite. E quarto estava escuro, os teus olhos já não procuravam os meus, e, principalmente, a minha mão já não estava na tua. E senti-me sozinha e vazia, como se um vento gelado tivesse deixado um rasto de amargura e desencantamento no exacto momento em que abri os olhos…






Para o ilustrar com uma receita o desencantamento, escolhi fazer uns Profiteroles com gelado de limão cobertos com glace. Profiteroles por serem sensaborões e ocos (por sí só) representam a sensação de vazio, gelado de limão, pelo frio que nos gela o coração nessas alturas (e limão --> amargura), e a glace que antecede tudo isto (porque para haver a amargura do desencantamento tem também de haver a doçura do encantamento). Ficaram bons para quem goste de limão (eu confesso que não sou das mais ferrenhas apreciadoras), mas aconselho a tirar os porfiteroles do congelador uma hora antes. Receita dos profiteroles aqui e o resto inventei (tive sorte em os profiteroles não virarem, também eles, um verdadeiro desencantamento...)
Ingredientes dos profiteroles: (deu-me 36 unidades)
2,5dl de água
75g de margarina
1 casca de limão
1 pitada de sal
175g de farinha
3 a 4 ovos
 Modo de fazer: Levar ao lume um tacho com a água, a margarina, a casca do limão e o sal. Quando ferver adicionar a farinha de uma vez e bater bem. A receita originar dizia para levar novamente ao lume até a massa fazer uma bola que se despegasse do tacho, mas como eu consegui isso logo saltei esta parte. Deixar arrefecer um pouco e adicionar os ovos um a um, batendo bem (eu usei sempre as minhas mãos). Só adicionar o ovo seguinte quando o anterior estiver completamente absorvido. Sobre um tabuleiro untado dispor montinhos de massa com um saco de pasteleiro (como estava na terra e não tinha lá o saco de pasteleiro, usei uma colher para fazer as bolinhas, que foi o que lhes deu este aspecto feioso rústico). evar a forno quente 10 minutos. A massa está cozida quando ao deixar cair um profitorele este faz um barulho seco (toc!). Rechear a gosto, salgado ou insonso. Eu recheei com gelado de limão:
 Ingredientes Gelado de Limão
5 iogurtes naturais
sumo de meio limão
raspa de um limão
Açúcar a gosto
1 tampinha de essência de baunilha
 Modo de fazer: Misturar os ingredientes e levar ao congelador. Mexer de meia em meia hora para ficar cremoso. Rechear os profiteroles e cobrir com a glace.
Ingredientes Glace
Açúcar em pó
Leite
Modo de fazer: Juntar a um pouco de açúcar em pó e juntar leite a pouco e pouco mexendo até ficar uma pasta/líquido grosso. Cobrir os profiteroles.

O aspecto não é dos melhores, mas também é desencantamento, bonito de mais podia parecer incongruência!

Espero que gostem, eu adorei participar*

sábado, 7 de abril de 2012

Folar(es)

Olá a todos! Como é costume cá na terra do meu pai (que fica em Trás-os-Montes, ao pé de Mogadouro), faz-se sempre o folar na altura da Páscoa. Costumamos fazer imensos folares de carne, no forno a lenha, com a minha prima, mas apanhamos um frio desgraçado, e este ano apetecia-nos fazer os folares sozinhas, à nossa maneira. Fizemos no forno eléctrico (o meu adorado forno eléctrico, com temperaturas, ventoinha, lâmpada e temporizador...) e fizemos 3: um de carne, um de açúcar e canela (o meu favorito) e um de fiambre e queijo (o favorito da minha irmã). Como a minha prima faz tudo a olho, tivemos deste ano tirar a receita daqui (fazendo alguma modificações e dobrando a receita) e ainda bem que o fizemos, porque ficaram tão bons que apesar de terem sido feito na 5ª, já se comeram e tivemos de fazer mais. 

Ingredientes:
12 ovos
60 gr fermento de padeiro
1,2 Kg de farinha
4 c. sopa de azeite
120 gr de manteiga
1 dl de água tépida
2 c. chá de sal

Modo de fazer: Pôr a farinha num alguidar. Dissolver o fermento na água morna e juntar. Misturar um pouco. Juntar a manteiga derretida com o azeite e misturar. Juntar os ovos um a um misturando entre cada adição. Deixar levedar durante uma hora num local quentinho (como aqui está um gelo, foi ao pé do irradiador) coberto com um lençol e um cobertor (cuidado para deixar o lençol e o pano esticados no alguidar, sem tocar na massa). Depois é a parte divertida, recheá-los do que quisermos:

Folar de carne:
Untar um tabuleiro com margarina e farinha (se for usado um forno de lenha metem-se lá directamente, sem ser num tabuleiro). Dispor uma camada de massa, uma camada de "chicha" (bacon, presento, chouriço, etc etc...), uma de massa, outra de chicha e acabar com outra de massa. Enrolar as bordas e levar ao forno.

Folar de fiambre e queijo:
Untar um tabuleiro com margarina e farinha (blá blá blá igual acima). Dispor uma camada de massa, duas camadas de fiambre, duas de queijo e acabar com uma de fiambre (se puserem a camada de queijo directamente na massa o queijo desaparece). Enrolar como uma torta.


Folar de canela:


Untar um tabuleiro... (etc etc). Dispor uma camada de massa, canela com fartura, regar com amêndoa amarga ou outro licor que seja da vossa preferência, açúcar, mais uma camada de massa, canela, amêndoa amarga e açúcar e acabar com uma de massa.


Levar os folares ao forno de lenha, a gás ou eléctrico (180ºC, meia hora).
Quentinhos, estavam uma delícia!