segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Farófias com doce de ovos e amêndoa torrada


Não havia nada.

Vinha a minha irmã e o meu cunhado almoçar cá a casa e eu sem tempo nem ingredientes para uma sobremesa.


Havia ovos. Muitos ovos caseiros, das galinhas do meu pai. Não havia quase açúcar, mas tinha um restinho de um pacote de amêndoa em pedaços.

Não é preciso muito mais para fazer uma sobremesa deliciosa, que como único defeito ter feito pouca!


Ingredientes 

  • 8 ovos
  • leite q.b. (usei leite de amêndoa)
  • 8 c. sopa açúcar
  • 50 gr de miolo de amêndoa granulado
  • Essência de baunilha q.b.


Modo de Fazer
1 - Separar as claras das gemas. Bater as claras em castelo firme com 3 c. sopa açúcar.
2 - Num tacho, levar ao lume o leite e cozer nele colheradas de claras, até que fiquem durinhas. Dividir por quatro tacinhas.
3 - Levar ao lume as gemas com o restante açúcar e a essencia de baunilha, mexendo sempre com uma vara de arames até obter um creme espesso. Despejar em cima das claras.
4 - Numa frigideira, torrar ligeiramente as amendôas. Cobrir a sobremesa e servir!

Para 4 pessoas
Aprox. 276 kcal/porção


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pavlova de Chocolate com Framboesas e Mirtilos


Tenho 23 anos e estou quase a meio caminho dos 24. De repente, cresci (ou melhor, tornei-me adulta, porque nao ultrapassei os meus orgulhosos 1,55m). A minha vida não está nem de perto nem de longe organizada como eu imaginava que estaria aos 23 anos. A bem dizer, acho até que nunca estive tão perdida (não escolham Psicologia. Nunca, nunca.). É impossível pensar em casar, ter filhos, sair de casa, comprar um carro, fazer férias, pensar no que vai ser a minha vida para o mês que vem, sequer. 


De certeza que muitos de vocês estarão na mesma situação (ou pior!). Mas não somos todos. Assim, o meu circulo de amigos divide-se em dois: entre aqueles que ainda não sabem o que fazer a vida, que ainda estão a estudar ou a saltitar de trabalho em trabalho precário, e aqueles que já têm trabalho, casa, um sofá na sala e panelas na cozinha, que moram juntos e/ou vão casar e que estão a pensar em ter ou já tiveram filhos. E foi assim que a minha irmã saiu da casa, casou, e que estão mais amigos  e ex-colegas com planos de casar brevemente, que vão ter ou já tiveram um filho (ou dois!). Enfim, que já estão organizados.


E isto é bom. É bom ouvir noticias de casamentos, ajuntamentos, gravidezes e nascimentos. É bom ver amigos a realizarem sonhos. E também é bom que, devido a estas transições na vida, se retomem alguns contactos já meio perdidos. 


Foi o que aconteceu com a L. A L. é uma amiga do secundário e, como acontece muitas vezes, com o inicio da faculdade fomos-nos afastando. Ia acompanhando a vida dela pelo facebook (digam o que disserem, trouxe mais coisas boas que más à vida da maioria das pessoas), e foi assim que soube da sua gravidez e do nascimento do D., que é apenas o bebé mais fofo de sempre. E foi assim que combinámos um jantar, em casa da minha irmã e do marido (na altura noivo), para pôr-mos a conversa em dia.


Já não sei porque me decidi pela combinação chocolate e frutos vermelhos, mas ficou deliciosa e super intensa! Houve quem a achasse enjoativa, mas eu achei que estava perfeita! A receita fiz a mesma daqui.



Ingredientes
PAVLOVA
5 claras
250 gr gr açúcar
3 c. sopa de chocolate em pó
1 c sopa de vinagre balsâmico
100 gr de chocolate de culinária picado

COBERTURA
100 gr de chocolate de culinária
100 ml de natas
framboesas e mirtilos q.b.

Modo de fazer:
PAVLOVA
1 - Pré-aquecer o forno a 180ºC.
2 - Bater as claras em castelo. Juntar o açúcar uma colher de cada vez e bater até as claras ficarem bem firmes. Juntar o vinagre e o chocolate picado e envolver bem.
3 - Forrar um tabuleiro com papel manteiga e distribuir a massa, formando um circulo. Levar ao forno por uma hora. Ao fim desse tempo, deixar a pavlova arrefecer completamente dentro do forno, deixando a porta entreaberta.

COBERTURA
1 - Levar as natas e o chocolate em lume mínimo, mexendo bem até o chocolate derreter.
2 - Cobrir o interior da pavlova com estre molho de chocolate
3 - Decorar com as framboesas e os mirtilos.

Digam lá se não fica com um ótimo aspeto?


Para 10 fatias
Cerca de 274 kcal/fatia

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Pipocas - as definitivas, as melhores do mundo, e de como elas chegaram até mim.


A minha busca pelas pipocas perfeitas remonta de há muito, muito tempo atrás. Eu adoro pipocas, adorava conseguir fazê-las bem.
Mas o facto é que corriam sempre mal.


Contei-vos aqui das minhas tentativas de pipocas que saíam todas esturradas. Contei-vos mais tarde também uma tentativa de fazer pipocas no microondas, sem gordura, em que o balde derreteu (lembram-se?). Pelo meio, afirmei que tinha encontrado a melhor receita de pipocas de sempre, a infalível, a derradeira, a última da minha saga de experimentação das pipocas. Pareciam-me perfeitas e declarei a minha busca por terminada. Sou tão parva.


Nem vinte e três dias depois, tinha um gajo qualquer a mandar-me mensagem para o facebook, a dizer que as pipocas da mãe eram melhores que estas. Exigia-me, a troco da receita que jurava a pé juntos ser hiper mega ultra maravilhosa, de fazer-nos ir ao céu e ouvir os anjinhos a cantar (ok, ele não dizia bem isto assim, mas a mensagem era parecida), que eu o aceitasse como amigo no facebook. Porque receitas destas, "só a amigos" e eu ainda não era amiga dele. Pelo meio, foi-me picando com fotos das pipocas que, à primeira vista, pareciam pipocas perfeitamente normais, mas... pipocas fáceis? Deliciosas? De ouvir os anjinhos a cantar? Depois de todas as garantias que ele não era um stalker-depravado-violador-doente mental, não resisti. 


Resumindo a história: aprendi a fazer as pipocas. Pelo meio também o fiquei a conhecer, e, para além das pipocas, muitas mais coisas nele são maravilhosas e deliciosas e de fazer ouvir os anjinhos a cantar. Há um ano que é a minha coisinha boa mais linda do meu coração, que tornou também o meu coração mais doce à custa de pipocas e de muitas outras coisas, e que foi tornando os meus dias cada vez mais felizes. 


Eras só um gajo qualquer. Um gajo qualquer estranho que meteu conversa comigo um dia por causa de uma receita de pipocas, que eu julgava a melhor do mundo. Como achava ser melhor uma data de coisas que eu já tinha. 

Estava enganada. O melhor és tu :)

(se ainda tenho dúvidas que este blogue me trouxe coisas boas? Nenhumas!) 

Ingredientes
  • Óleo q.b.
  • Pipocas q.b.
  • 6 c. sopa açúcar

Modo de fazer:
1 - Numa panela de pressão (aquece melhor e são mais estreitas e altas) cobrir o fundo com bastante óleo e com uma camada de pipocas. Levar ao fogão com o lume no máximo. Tapar com uma tampa, deixando-a um pouco entreaberta. 
2 - As pipocas vão saltando, e NÃO É PRECISO MEXER. As pipocas quando saltam vão ficando mais leves e vão subindo. 
3 - Quando pararem de saltar, tirar do lume. Retirar metade das pipocas. Na outra metade, juntar metade do açúcar e levar novamente ao fogão, sempre com o lume no máximo. Mexer sempre com uma colher de pau, até o açúcar derreter (fica a parecer água no fundo da panela) e envolver bem as pipocas neste açúcar derretido.
4 - Retirar as pipocas e repetir com a outra metade. Deixar arrefecer e comer!

As pipocas não ficam "caramelizadas", mas ficam super docinhas e super estaladiças. Para vocês terem uma ideia, as pipocas do cinema são agora uma desilusão.
Ao contrário das outras receitas, não ficam com uma panela escura, que tem de se esfregar imenso para retirar o caramelo do fundo: basta pôr debaixo de água e quando a panela arrefecer lavar normalmente. Já não quero outra coisa!

E desta vez não há calorias para ninguém, que os posts felizes e as boas receitas não merecem ser alvo de "desmancha-prazeres". 


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Coquinhos de Laranja e Vinho do Porto



Olá a todos! Voltei, e comigo voltaram muuuitas receitinhas! Preparem-se :)
Peço desculpa pela pausa prolongada, mas a tese e complicações várias a nível pessoal não deixaram muito tempo livre para o blogue (confesso que ter ficado recentemente viciada em Guerra dos Tronos também abonou pouco ao meu regresso :P ), mas agora espero regressar em força!

A história destes coquinhos é estranha, e começa com algo inevitável a quase todas as mulheres: período menstrual. Desde sempre que para mim a menstruação e tudo associado é uma complicação, desde dores do demónio a várias complicações hormonais. Mas de uma coisa eu me julgava imune: ao TPM!

Nunca, mas nunca, mas nunca, nunca, tinha notado alterações de humor que pudessem resultar da tão famosa Tensão Pré-Menstrual. Tenho mau feitio, mas nunca me pareceu demasiado intenso nesta altura, e julgava até que isto era uma desculpa como outra qualquer para as mulheres aproveitarem para ser chatas à vontade e entupirem-se de gelado de chocolate.


E os deuses vingaram-se de mim.

Desde que comecei uma nova pílula (a pílula não devia impedir o TPM?!), que uma semana antes de me aparecer o período parece que a minha vida vai acabar. É a tristeza infinita, o limiar de frustração rente ao chão, os nervos prestes a explodir por qualquer coisa... e dois fenómenos que nunca ouvi referir por ninguém em falando de TPM: alucinações olfativas e desejos por comidas especificas. 

Tudo me cheira mal. Nomeadamente, parece que tudo me cheira a transpiração. "Sou eu?", "De certeza que não cheiro a nada?", "Vou só por desodorizante mais uma vez... sim, sei que já pus 10 vezes e ainda nem são três da tarde". E os desejos por comidas especificas, algumas que nunca gostei sequer de comer. Como os coquinhos.



Passei o dia inteiro com os coquinhos na cabeça. "E se eu fizesse coquinhos?". Problema: eu não gosto de coquinhos. Aliás, eu diria até que detesto coquinhos. Ou melhor, achava eu que detestava. O meu pai fazia um coquinhos muito simples, eu já nem me lembrava da receita. Não tinha coco, não tinha receita, não gostava de coquinhos: mas tinha de os fazer! (até me apertava o peito, uma coisa mesmo estúpida!). Fui comprar coco, pesquisei uma receira jeitosa no blogue Palavras que Enchem a Barriga e meti mãos à obra. Ok, também não tinha laranja, usei tangerina e alterei ligeiramente a receita. Ficaram absolutamente deliciosos, e mataram o meu desejo parvo de coquinhos. E o mundo pareceu-me logo melhor. 

Ingredientes

  • 200 gr coco ralado
  • 150 gr açúcar
  • 3 gemas de ovo
  • 1 cálice de vinho do porto
  • Sumo e raspa de 3 tangerinas pequenas

Modo de Fazer:
1 - Misturar o coco, o açúcar e as gemas.
2 - Juntar o cálice do vinho do Porto, a raspa e o sumo de laranja. Envolver.
3 - Colocar em forminhas e levar ao forno pré-aquecido a 180º durante 15 minutos.

Uma delícia!

Para 30 coquinhos
Apox. 74 kcal/coquinho

domingo, 30 de agosto de 2015

Tarte de Amêndoim


Certamente se lembram da maravilhosa, fantástica e deliciosa Tarte de Amêndoa da Mãe da Alda. Espero que se lembrem e que esteja na vossa lista de espera de receitas a experimentar, aquilo é tão bom que é quase obrigatório!


Para um jantar com uns primos cá na terra decidi fazê-la. É rápida, fácil e toda a gente adora (e eu adoro também gabar-me dos meus cozinhados à frente das outras pessoas, porque não confessá-lo, não é? :P ). O problema é que as amêndoas estavam tão caras que eram impossíveis de comprar, para mim! Mesmo ao lado, estava um pacote de amendoins. Porque não?


E foi assim que saiu a Tarte de Amendoim. Não tão boa como a Tarte de Amêndoa da Mãe da Alda (snif...) mas é um segundo lugar jeitoso. Espero que gostem!

Ingredientes:
Base:

  • 125 gr de margarina
  • 125 gr açúcar
  • 125 gr farinha
  • 3 ovos
  • 1 c. chá de fermento

Cobertura:

  • 125 gr de margarina
  • 125 gr açúcar
  • 125 gr de amendoins com sal
  • 3 c. sopa de leite de amêndoa

Modo de fazer:
Base:
1 - Bater a manteiga com o açúcar.
2 - Juntar um ovo de cada vez, batendo bem entre cada adição.
3 - Juntar a farinha com o fermento.
4 - Deitar numa forma untada e enfarinhada e levar ao forno a 180ºC durante 30 min.

Cobertura:
1 - Numa frigideira funda, levar a manteiga a derreter em lume brando.
2 - Juntar o açúcar e deixar derreter.
3 - Quando estiver tudo ligado juntar os amendoins, mexendo sempre com uma colher de pau até a amêndoa estar torrada e o caramelo douradinho (leva algum tempo).
4 - Juntar o leite, mexer e retirar do lume
5 - Deitar esta cobertura sobre a base e deixar arrefecer.

10 fatias
Cerca de 369 kcal/fatia
(que engraçado, as mesas kcal que a tarte de amêndoa!)


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O meu peixe assado no forno (com batatas, claro!)


Fazer peixe assado no forno é daquelas coisas que saem da minha cozinha quando acontecem duas situações: quando me apetece muito peixe assado no forno, e quando não tenho tempo!

O meu peixe assado é a coisa mais fácil de todos os tempos. É meter no forno e podemos no entretanto fazer outras coisas: fazer a tese, passar a ferro, fazer a tese, estender a roupa, fazer a tese, etc etc ;P


Talvez seja uma receia simples demais - tão simples que é quase uma "não" receita! Mas ultimamente ouço muitas vezes amigos e pessoas que eu conheço confessarem que são estas receitas simples e mais "tradicionais" que menos sabem fazer porque... não sabem a receita! 

Portanto aqui vai a minha receita de peixe assado no forno. Simples, sem nada de mais, super rápida e super boa (pelo menos para mim, que sou pouco esquisita com peixe assado!)


Ingredientes:

  • 1 dourada ou outro peixe para assar (este nem sei se era pargo mulato ou se era dourada, shame on me, mas são os peixes que mais gosto de assar. Peço na peixaria para mo arranjarem para assar e nem penso mais no assunto)
  • 1 c. sopa de azeite
  • 6 c. sopa de polpa de tomate
  • 3 c. sopa de massa de pimentão
  • 3 dentes de alho
  • sal
  • 2 copos de vinho branco
  • 6 batatas pequenas para assar
  • 1 cebola (o da foto não tem porque nesse dia me esqueci de pôr)
  • 3 folhas de louro 
Modo de fazer:
1 - Lavar bem as batatas e cortar em cubos. Reservar. 
2 - Colocar o azeite no fundo de um tabuleiro de ir ao forno. 
3 - Com as mãos, esfregar a dourada (ou outro peixe) com metade da polpa de tomate, metade da massa de pimentão, os dentes de alho picados e o sal Deitar a dourada no tabuleiro.
3 - Dispor as batatas à volta, bem como a cebola cortada em meias luas. Envolver as batatas e a cebola com o restante molho de tomate e massa de pimentão. Cobrir com as folhas de louro e regar com o vinho branco.

Cá está ele! Acho que era Dourada, mesmo. Desta vez esqueci-me da cebola e das folhas de louro, mas ficou bom na mesma XD 

4 - Levar ao forno a 180ºC durante cerca de 40 min, ou até as batatas ficarem assadas.

Mais fácil não há!

Para duas doses
Cerca de 683 kcal/dose

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Involtinis de seitan com beringela e molho de tomate


As receitas do blogue "The Love Food" nunca me desiludem. Nunca! Sempre muito simples e deliciosas, e, claro, vegan. Estes involtinis de beringela vieram de lá, e ficaram a minha forma preferida de cozinhar seitan. 

Esta receita foi das últimas coisas que cozinhei no Barreiro. Fiz um pouco diferente, mas ficou delicioso à mesma!


Ingredientes
  • 250 gr de seitan cortado em tirinas
  • 1 beringela grande
  • 3 copos de polpa de tomate (daqueles pequenos, do vinho)
  • 1 cebola média
  • 3 folhas de louro
  • 1 limão
  • 3 dentes de alho
  • vinho branco q.b.
  • orégãos e manjericão q.b.
  • 1 c. sopa de paprika
  • 2 c. sopa de azeite
Modo de fazer:
1 - De um dia para o outro (ou pelo menos durante meia hora), deixar o seitan em marinada com o sumo do limão, os dentes de alho picados e a paprika. 

Eu uso um tupperware que tapo e coloco no frigorífico.

2 - Partir a beringela em fatias finas. Eu costumo congelar, e a beringela descongelada fica maleável, mas em alternativa podem colocar as fatias de beringela numa frigideira antiaderente até que estas fiquem maleáveis.
3 - Num tacho largo, fritar as fatias de seitan com 1 c. sopa de azeite. Envolver o seitan nas fatias de beringela, prendendo com palitos.



4 - Fritar a cebola picada com o restante azeite, juntamente com as folhas de louro. Despejar a marina no tacho juntamente com a polpa de tomate. Deixar reduzir e juntar um pouco de vinho branco. Juntar mais água se necessário. 


5 - Colocar os involtinis de beringela e seitan com cuidado no molho de tomate, juntar os orégãos e o manjericão e deixar cozinhar em lume branco (cerca de 10 min) e servir.

Acompanham muito bem com arroz branco e salada!


Para 4 doses
248 kcal/dose

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Bolo de Chocolate e Grão com cobertura de Milka e Maltesers - sem farinhas, sem glúten e sem ovos!


A minha última semana no Barreiro supostamente devia ser idílica, em que nos tempos livres aproveitava para me despedir das ruas, dar longos passeios à beira rio, etc. e tal.

A minha última semana no Barreiro foi uma bosta. 

Começou pessimamente, e sinceramente não me consigo lembrar como passei os dias, ao certo. Acho que os passei a arrumar coisas e a fazer transcrições. Cozinhei muito para me distrair (e porque sou uma fofa e queria deixar comida congelada para a minha amiga colega de casa - saudades *.* ). Foi uma semana que começou mal, com muitas coisas para pensar e muitas chatices. Mas com o avançar da semana a coisa foi melhorando, e aconteceram muitas coisas boas também.


Uma delas foi os anos da Piu (olá!). A Piu (sim, sim, eu sei que não és Piu e que tens um nome como toda a gente...) fez anos logo no início da minha última semana, e não sabia que prenda lhe havia de dar. Decidi fazer um bolo para lhe cantarmos os parabéns à meia noite. Como ela é fã de chocolate milka (e de chocolate em geral) queria fazer um bolo de chocolate. O problema: a mim os bolos de chocolate saem sempre secos e a coisa mais desengraçada deste mundo. Fui ao blogue da Joana (Palavras que enchem a Barriga) e vi lá a receita deste bolo de chocolate e grão, que já tinha sido tirada do bogue Cozinhar sem Lactose que por sua vez já tinha sido tirada do blogue Bem Bons. Podia ser que por ser "estranho" e por ter tantas "madrinhas" blogosféricas acabasse por funcionar.


O problema é que fiz o bolo completamente na lua. Estava triste, estava preocupada, tinha-me aparecido o período e estava com o início de uma infeção urinária, portanto parecia que me estavam a apunhalar o baixo ventre com uma regularidade demasiado constante. Sentia-me deprimida, cansada, stressada, assoberbada com a quantidade de coisas que tinha para fazer e muito sozinha. Eu já de mim sou despassarada (na semana anterior tinha-me enganado e, em vez de guardar a batedeira no armário, enfiei-a no congelador. Ficou lá 4 dias a refrescar ideias, mas sobreviveu e está bem de saúde, obrigada). Por isso, só reparei que me tinha esquecido dos ovos quando o desgraçado do bolo já estava no forno. "Bolo sem farinha e sem ovos, com grão de bico, deve ficar interessante!"


Mas ficou. Saiu bem. Aliás, foi o melhor bolo de chocolate que já fiz. Húmido, com um sabor intenso a chocolate, sem vestígios do sabor do grão... com a cobertura, ficou ainda melhor!


Ingredientes (da maneira como fiz, que saiu bastante bem!)
BOLO
  • 1 lata de grão de bico (aprox. 400 gr)
  • 1 c. sopa de azeite
  • 1 c. chá de aroma de baunilha
  • 150 gr de açúcar amarelo
  • 1 c. chá de fermento
  • 1 pta de sal
  • 140 gr de chocolate de culinária
  • 60 gr de chocolate de culinária partido em pedaços
Modo de fazer:
1 - Derreter o chocolate no microondas ou em banho maria.
2 - Esmigalhar o grão-de-bico com o azeite (usei as mãos, mas podem usar um garfo ou a varinha mágica)
3 - Adicionar os restantes ingredientes e bater com a batedeira. 
4 - Levar ao forno pré-aquecido a 180ºC durante 40 minutos.
5 - Deixar arrefecer e desenformar.

COBERTURA
Ingredientes
1 tablete de chocolate Milka (100gr)
1 c. sopa de margarina
1 pacote de maltesers

Modo de fazer:
1 - Derreter o chocolate com a margarina
2 - Cobrir o bolo já arrrefecido e enfeitar com os maltesers

Bom Apetite!

Coisa engraçada: Não tinha copos de champanhe, então tive a ideia de o bebermos nas taças das sobremesas :P Quase que parecem os flutes de antigamente! (com um bocadinho de imaginação, vá)


Para 8 fatias
347 kcal/fatia

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Vim-me embora

Anteontem fechei pela última vez a porta da casa que foi minha durante onze meses. Onze meses não é muito, mas como me foi ensinado na última vez que estive no estágio (para me despedir, de relatório já entregue e coração apertado), o tempo é qualitativo. E estes onze meses tiveram muitos anos dentro deles, cada mês teve pelo menos uns dois ou três anos lá dentro. 

Eu apego-me às casas. Quando cheguei esta casa esta ainda não era minha, mas rapidamente se tornou à medida que a ia enchendo de cheiros e de recordações. Uma vez falei sobre isso à minha bisavó, sobre eu me ligar tanto a meia dúzia de paredes. Ela diz que sempre fui assim, e que com cinco anos chorava abraçada às paredes da minha casa antiga. Depois habituei-me, assim que fui enchendo novas casas de mim.

Como nos desligamos dos espaços em que fomos felizes? Felizes e infelizes, dá o mesmo. Voltei à casa dos meus pais, mas esta já não parece a minha casa - mas ao contrário de quando tinha cinco anos, sei que bastarão apenas algumas semanas para que volte a ser minha. Mas por enquanto faltam-me os cheiros, as portas onde ao início batia tantas vezes (antes de me habituar aos espaços o meu corpo não calcula bem as distâncias...), o meu quarto com a janela que fechava mal, a cozinha enorme, a mancha de humidade da casa de banho. 

A minha casa do Barreiro viu muitas coisas, e nela cresci muito, muito. Mais do que imaginava. Viu sonhos nascer e morrer, alguns antes de terem tido tempo de nascer como deve ser. Viu muitas gargalhadas mas muitas lágrimas, também (mas mais gargalhadas, felizmente). Viu bons cozinhados e arroz esturrado (primeira e única vez!). Viu crises existenciais, procuras absolutas pelo sentido da vida, viu dúvidas e acolheu inquietações. Viu frustrações e realizações (e conseguimos tanta coisa...). Viu um homicídio (RIP Eusébio), uma bebedeira soft mas que terminou com fotos incriminadoras (ai de quem... um dia...). Viu jantares de amigos, um almoço de família, visitas surpresa, post-it's nas paredes (num dia em que demorei 3 horas a atravessar o Tejo, cortesia de uma pseudo bomba) e mensagens na mesa da cozinha. Encheu-se de esquemas a giz, num dia em que a minha amiga Ana achou boa ideia morarmos dentro da tese dela. Nesta casa aprendi a mudar lâmpadas e a acender uma lareira, mas continuo sem força suficiente para abrir frascos, e descobri que se calhar um homem até faz falta, até para pseudo feministas como eu. Às vezes os dias naquela casa eram só noites, e passavam sem dar por eles. Outras vezes eram enormes e pesados, nunca mais acabavam (eram dias que também tinham meses lá dentro...).

Mas fui feliz. A casa era nova, grande, bem dividida e bonita. Era a casa que achava perfeita para viver um dia, sem prazo limite de saída. Apaixonei-me por ela assim que a vi da primeira vez, ainda com tudo por arrumar mas cheia de luz. Para além de luz, vinha cheia de humidade também. A minha roupa ficou cheia de bolor obrigando-me a várias lavagens de vez em quando. Às vezes no inverno tinha tanto frio de noite que ficava agoniada (depois melhorou com uma botija eléctrica). Cheguei a achar que o verão não viria nunca. O frio e a humidade entranhavam-se em mim, e trabalhei todo o inverno no chão frente à lareira (hábito que passou para o verão, confesso). A casa de banho ganhou uma enorme mancha negra no tecto, que a minha mãe conseguiu eliminar com força e lixívia numa vez que me foi visitar (durou uma semana até recomeçar novamente a povoar o tecto). O esquentador dava problemas de vez em quando, obrigando a incursões à cozinha a pingar e a tremer de frio e a ajuda mútua entre mim e a minha amiga Ana. O forno estava tão sujo que saí de lá sem nunca ter ficado limpo como deve ser, mesmo com os nossos muitos esforços e produtos. De vez em quando os vizinhos dos outros prédios discutiam. Ouvi um homem ser expulso de casa por ter chegado a horas impróprias. Uma vez, já nestas noites de calor, um grupo pôs-se a tocar guitarras mesmo debaixo da minha janela, deviam ser três da manhã. 

Mas era a minha casa e era perfeita. Era minha. Vou ter saudades dela.  

 P.S. Este post não tem nada a ver com culinária, mas quem eu sou não se divide em gavetas nem exige categorizações, e, tal como todas as receitas aqui publicadas, este texto também é uma parte de mim :)