Confesso que já me ia esquecendo que era hoje! E desta vez nem posso dar a desculpa das aulas e dos exames, que tenho estado de férias... É a minha cabeça de alho chocho (a mesma que me impediu de comemorar a 100ª publicação, como tanto queria!).
Faz hoje 2 anos que criava o Mãos de Manteiga. Lembro-me perfeitamente de estar a chegar a casa, vinda sei lá de onde, e pensar que seria giro criar um blogue com as receitas que ia experimentando. Fotos ao que ia fazendo já eu tirava (manias!), e seria interessante partilhar as minhas criações com a restante blogosfera.
A primeira receita que publiquei foi os deliciosos
Falafel. Por esta publicação se vê a minha evolução na cozinha: este falafel, cuja receita que ainda hoje faço é exactamente igual, não tem nada a ver com o que faço agora! O da foto está hediondo! E os acompanhamentos super aborrecidos: alface partida aos bocados, milho sem nenhum
twist especial. Mas por outro lado, continua a ser das minhas receitas preferidas, e a minha paixão pela gastronomia e cultura israelitas aumenta cada vez mais. O que só prova que por muito que as coisas mudem, nos mantemos sempre fiéis ao nosso original :)
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Que horror! |
Durante estes dois anos aprendi imenso com vocês. Apesar de em comparação com outros blogues ser um blogue pequenino (com os meus fiéis 57 seguidores que me continuam a parecer tantos em comparação com os que esperava ter!), poucas vezes actualizado (pelo menos, não tão frequentemente como desejaria), as fotos não serem nada de extraordinário, a condizer com as receitas, simples, fáceis, feitas à pressa. Felizmente, todo o carinho que deposito neste cantinho e nas receitas que vou experimentando vem-me em duplicado nos vossos comentários, partilhas e carinho. Nestes dois anos de blogue, não tive um único troll, um único comentário menos agradável. Obrigada a todos vocês pelo carinho, partilhas e apoio. Sem vocês, este blogue seria como a alface que serviu de acompanhamento ao falafel da minha primeira publicação: murcho e completamente sem graça! Sou uma sortuda por vos ter desse lado :)
E agora, para vos incentivar à partilha de experiências culinárias para o passatempo do segundo aniversário do blogue (para verem como participar, cliquem
aqui), que consistente essencialmente em contarem como foi a vossa primeira experiência culinária e em que consistia, vou também contar a minha!
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Podia ter sido qualquer coisa assim, mas a minha mãe nunca teve grande jeito para brincar às donas de casa dos anos 50! |
A minha primeira experiência culinária propriamente dita foi arroz de marisco. Uns começam com bifes, outros com arroz, outros com ovos mexidos, mas a minha começou à grande é à francesa com arroz de marisco, tinha eu uns 9 ou 10 anos. Claro que antes já tinha ajudado a minha mãe numa coisa ou outra, rapado muitas sobras de massa de bolo, amassado pãezinhos, aquecido leite para cereais, mexido qualquer coisa, mas nunca nada a sério - e sozinha!
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A minha experiência culinária da altura, mais coisa menos coisa |
Dizem que a necessidade é a mãe de toda sabedorias e este adágio aplica-se na perfeição ao meu caso: tudo começou com uma tendinite do meu pai que o pôs completamente inútil cerca de um mês. Nem vestir-se sozinho conseguia. A minha mãe na altura ainda tinha o café e estava fora de casa das 6h às 20h, e tivemos de nos desenrascar.
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Como bem dizia o falecido Gusteau "tout le monde peut cuisiner" e eu, como se veria, também não era excepção! |
Não sei porque decidimos fazer arroz de marisco à noite, porque só costumamos jantar sopa e pão com qualquer coisa (e já na altura era assim) mas a ideia devia ser para comermos no dia a seguir (olhando para trás, talvez o meu pai quisesse assegurar tempo para arranjar um plano B caso nos saíssemos mal). Nem sei porque é que o meu pai escolheu uma coisa tão dificil para nós cozinharmos, também, mas a verdade é que sempre gostámos muito de arroz de marisco, e se tivesse começado com bifes e arroz (coisa que já na altura não puxava muito por mim) não seria a mesma coisa!
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Poucas coisas são mais aborrecidas que bife com arroz. A não ser, claro, a minha sempre odiada "carne com massa"! O que eu deteste carne com massa, meu Deus! |
Lembro-me perfeitamente, eu e a minha irmã na cozinha, e o meu pai atrás: "agora corta a cebola... assim aos quadradinhos, agora vai buscar uma folha de louro, agora encaixa assim a varinha mágica, cuidado não se cortem, agora levantem o lume, agora ponham mais baixo..." E nós todas contentes, a sentirmo-nos gente grande, todas orgulhosas de termos sido nós a fazer o arroz de marisco, do principio ao fim. A minha mãe diz que nem queria acreditar que aquele cheirinho que se sentia nas escadas do prédio vinha de nossa casa, e lembro-me que contou o feito durante muito tempo a toda a gente que tivesse paciência de a ouvir.
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Apesar do orgulho da minha mãe, o nosso arroz de marisco não era nada deste género, não fiquem já a pensar que fui um prodígio precoce! |
E se a minha primeira experiência culinária correu impecavelmente bem (também não havia grande espaço para correr mal, com o meu pai atrás a dizer-me exactamente o que tinha de fazer!) as que se seguiram deixavam às vezes muito a desejar: era o arroz cozido que não havia meio de me sair bem (ora cru de mais, ora cozido demais, ora pegado ao tacho: ainda hoje, é das coisas que mais detesto fazer, faço sempre arroz na panela do microondas!); os ovos mexidos queimados porque em vez de desligar o lume o punha no mínimo, os cremes que talhavam; os bolos com fermento a mais, que queimavam, que pegavam à forma, que cresciam mais de um lado que do outro (que ficavam com "mamas"!), que coziam mal ao centro; o esparregado que sabia mal porque tentei disfarçar o queimado com açúcar (que raio de ideias!); a comida a mais para tacho de menos; o bolo de chocolate que ainda estou a tentar que me saia húmido como todo o bom bolo de chocolate deve ser... Havia ainda um fenómeno interessante, que era quando tentava cozinhar alguma coisa para o meu amigo Ruben - saía sempre mal! Não sei se ele chegou a comer alguma coisa que me tivesse saído como deve ser, devia ser uma espécie de karma!
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Pois, eu também, mas às vezes acontece! |
Ainda hoje me acontece com cada desastre de me fazer corar até à raiz dos cabelos, mas é mesmo assim, e só não acontece a quem não cozinha! Por este lado há experiências que correm muito bem, e outras que são autênticos desastres, mas no fim o saldo é sempre positivo.
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Às vezes, é assim que me sinto por dentro enquanto cozinho. Quando tudo corre mesmo muito mal, é assim que estou por fora também! |
E vocês? Quero saber as vossas primeiras experiências! É um dois em um: para além de irem desenterrar memórias e partilhá-las, o que pelo menos para mim é quase sempre uma tarefa agradável e reconfortante, ainda podem ganhar o livro 100 Melhores Alimentos para se Manter Jovem, que me está a deixar cheia de inveja pelo futuro vencedor :)
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Que inveja!!! |
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Participem!!! |