Com o começo do 2º semestre ainda não tinha tido oportunidade de relatar a minha aventura do tofu. Bem, não foi bem uma aventura, porque aventura é, por ex., saltar de uma ponte, escalar uma montanha, enfim, que envolva sempre um certo risco e adrenalina, e nesta aventura só houve disto antes de meter "a mão na massa" . Porque eu estava a fazer um filme de todo o tamanho com a arte de fazer o tofu, sabem, é que aquilo parecia magia!
Pesquisei em vários sites e fui tirando umas coisas daqui e dali, mas no essencial baseei-me aqui e aqui. Depois fiz as minhas adaptações porque tinha de fazer as coisas simples, porque eu sou assim: se não for simples e rápido, mesmo que seja bom, eu nunca o vou fazer com regularidade. Daí as minhas reticências, mas correu tudo bem, muito melhor do que é costume acontecer nas minhas primeiras experiências e infinitamente melhor do que eu estava à espera!
É do mais fácil que há, senão vejam o passo-e-passo:
Ingredientes:
1 cháv. de feijões de soja
1 litro de água (usei do garrafão)
3,5 colheres de sopa de sumo de limão (coado)
Instrumentos:
Fralda de pano
Molde de tofu - improvisei com uma caixa de margarina à qual fiz vários furos no fundo
Peso para prensar - comprei um daqueles sacos de pedras no Chinês eheh
Modo de fazer: Pôr os feijões de molho em água de um dia para o outro (comprei os feijões no Celeiro, e havia um ou outro furado, convém escolher) . Os meus ficaram umas 12 horas e meia. O aspecto deles era este:
Pegar em metade dos feijões, escorrê-los e triturá-los no liquidificador com metade da água. Em vários sites aconselharam-me a descascar os feijões, mas santa paciência, eu não tenho a paciência dos orientais. Vi em qualquer lado que o tofu iria saber mal, mas eu não descasquei os feijões e ficou um tofu delicioso na mesma. Fazer os mesmos com os restantes feijões e restante água:
Levar tudo a lume baixo e quando ferver contar 20 min, mexendo de vez em quando. Cuidado porque ao ferver pode transbordar, daí ter usado uma panela grande:
De seguida, coar utilizando a fralda ou um passador de rede muito fina. Eu usei o passador (cuidado porque o leite está a ferver, daí ter utilizado o passador, para não ter de esperar que arrefecesse). E pronto, temos o leite de soja (na panela) e o okara, na rede. O okara pode utilizar-se para fazer uma série de coisas, este okara virou hamburgueres (outra experiência).
Levar a panela para um sítio onde não corra o risco de ser mudada de sítio (se viverem com pessoas como o meu pai) porque ao que parece o tofu enquanto está a coagular precisa de paz e sossego. Quando estiver mais morno (quando conseguirem tolerá-lo no pulso) deitar-lhe o sumo de limão e dar-lhe uma mexidela rápida. Para meu espanto, logo assim que deitei o leite começou a coagular instantaneamente! Feitiçaria! O tofu assim que começa a coagular fica assim:
Agora é só deixá-lo estar sossegadinho durante 30 min. A partir daqui não há mais fotos porque a minha irmã teve de ir para a faculdade (a minha máquina fotográfica não resistiu e acabou por falecer, daí ter de tirar as fotos com o telemóvel dela). Ao fim deste tempo, forrar o molde com a fralda (a minha fralda é grande demais, para a próxima vou cortá-la), e despejar gentilmente o leite coagulado para lá. O soro vai escorrer pelos furinhos e só vai ficar a "massa" do tofu no molde! Calcar com, de preferência, uma tampa de madeira (vou pedir ao meu avô que me faça uma com o comprimento da caixa), mas como eu não tinha calquei com a tampa da caixa de margarina cortada. Tapar com a fralda e colocar os pesos em cima.
LOL
O tempo que os pesos têm de ficar em cima do tofu varia com a consistência que pretendemos. Eu queria o meu bem duro, portanto ficou uns 45 min, mas o peso devia ser pouco e o tofu acabou por ficar um pouco mole de mais para o meu gosto. Contudo, ainda bem que assim foi, porque deu origem a uma das minhas mais tenebrosas experiências que já tive desde que cozinho: patê de tofu. Não sei o que me deu na cabeça, mas tinha lá a família em casa, o tofu no frigorífico e uns palitos de pão e azeitonas e decidi fazer patê. Triturei aquilo tudo no robô de cozinha (vulgo 1, 2, 3), juntei-lhe salsa e isto e mais aquilo, entre as quais uma dose industrial de pimenta em pó e cebola picada, o que tornou aquilo incomestível de tão forte. Mas ficou uma pasta com a consistência do queijo creme, e assim tive a brilhante ideia de usar o que sobrou (ou seja, quase tudo) numas massas carbonara. E digo-vos, podia enganar toda a gente e dizer que eram massas com natas que toda a gente acreditava! Assim, daqui em diante, o tofu caseiro e molinho vai ser utilizado muitas vezes para substituir as natas (será que é desta que faço um strogoff???)
Como vêm, apesar de ter muitos passinhos e exigir alguma disponibilidade (cerca de 1h30) é uma coisa extremamente fácil de fazer, e é uma coisa que fica bastante económica. 1 cháv. de feijões de soja deu-me para umas 300g ou 400g de tofu, e ainda me deu o okara, com a qual fiz hamburgueres (quando a receita tiver sido aperfeiçoada, posto no blogue!)